sábado, 3 de outubro de 2009

A importância de ser no Rio

Quantos se deram conta de importância de os Jogos Olímpicos de 2016 se realizarem no Rio de Janeiro? Esperemos que a imitação mediática de um ou outro mais esclarecido fazedor de opinião crie uma bola de neve: não só de palavras, mas do aproveitar da oportunidade para a lusofonia e a lusofilia. Estas são verdadeiras e importantes notícias.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Desacordo ortográfico



(na foto: o maior galardão literário do Brasil, ganho, em 2007, na categoria de Direito, por brasileiros e um português - exemplo da comunhão intelectual lusófona, de que o acordo ortográfico é um sinal)


De novo muitos críticos do acordo ortográfico. Muito frequentemente com linguagem empolada, ferida, e displicente para com o esforço de uma escrita comum. Na Internet, com toda a liberdade que ela propicia, prevalece um discurso pessoal, do género: "não vou falar pretoguês". Racismo, afinal. Que outra coisa senão racismo, ainda que não apercebido?
Temos dito e repetido: uma reforma ortográfica não muda a Língua. Muda apenas a forma (superficial, epidérmica: formal...) de a escrever, e é uma oportunidade para racionalizar e uniformizar essa escrita. O que tem vantagens no Mundo, que, ao aprender Português acaba afinal por optar sempre pelo português do Brasil, porque (tenhamos ideia da nossa dimensão - pelo menos aos olhos dos outros) o português de Portugal representa 10 milhões ou pouco mais. É curioso que os maiores velhos do Restelo do legítimo e puro português de Portugal estão a condená-lo a ser um dialecto de uma língua sobretudo brasileira.

Claro que custa aprender novas regras a Portugueses e aos demais Lusófonos. Mas o que vai custar a esta geração se ganhará nas próximas. Não é um milagre, mas ajuda à nossa comunidade, à nossa cultura, ao modo de ser que se veicula pelo falar e pelo pensar em português.
Olhem se por dificuldade em fazer contas também tivéssemos sido contra o "Euro" e desejássemos guardar o velhinho "escudo". Não haveria escudo que nos salvasse agora na crise.
Seria bom que ultrapassássemos o comodismo de não reaprender meia dúzia de regras. É curioso como dos dois lados do Atlântico, sem que haja diálogo, as pessoas se negam a querer escrever o português "do outro". Que querem preservar a própria língua. Quando não é de português "do outro" que se trata, mas de uma nova forma, em acordo, que comporta até possibilidades de variantes.

Receio que muito do nacionalismo linguístico que por aí anda não seja mais que comodismo pessoal. Ninguém quer hoje aprender muito. E reaprender a escrita parece uma condenação ao degredo dos bancos da escola elementar, ou primária... como se diz de um e do outro lado do Oceano.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Vencidos da Vida?


Há uma mudança de paradigma (e não o digo como banalidade ou moda) na apreciação do legado dos intelectuais.
Pergunto-me se algum grupo como o dos "Vencidos da Vida" poderia sequer alcançar eco de existência futura (histórica) numa sociedade como aquela (efémera e mediática) em que nos enclausuramos. Os "Vencidos da Vida" de ontem foram, na verdade, triunfadores. Hoje um grupo, mesmo "jantante", que lhes fosse idêntico seria, definitivamente, votado ao mais completo silêncio. Tal encerra uma lição relativamente às formas de actuação política (em geral). Por exemplo, quando ontem abandonar um cargo era nobre, denotava desapego ao poder, hoje até qualquer carimbo na mão de burocrata nem depois de morto se larga (e não pela rigidez cadavérica). Porquê? Porque hoje, desgraçadamente, as pessoas são apenas o pedestal, o cargo, o dinheiro em que se empoleiram. Não importa a sua estatura real, mas a que alcança artificialmente. E logo vem a questão: se são estes os dados do jogo, hoje, como jogar outro jogo? Está em discussão, mas a alternativa parece-me ser: ou entrar no jogo, ou sair definitivamente dele - num qualquer movimento de reclusão e saída do "mundo"... Haverá uma "terceira via"?